segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Os hicsos

 


São conhecidos pelo nome de hicsos um grupo misto semita-asiático que se estabeleceu no norte do Egito durante o século XVIII a.C. Por volta de 1630 a.C., tomaram o poder, e seus reis governaram o Egito como a décima quinta dinastia (c. 1630-1521 a.C.). Exerceram uma grande influência na história egípcia, mas acabaram sendo expulsos pelo último governante da décima sétima dinastia e pelo primeiro governante do Novo Reino.

Boa parte do que sabemos sobre a origem e história dos hicsos vem de fontes escritas dos egípcios, com destaque para o Papiro Rhind. Também é de grande importância a escavação sistemática da sua capital, Avaris (a moderna Tell el-Dab'a, a nordeste do delta do Nilo).

Aamu era o termo contemporâneo usado para distinguir o povo de Avaris, a capital dos hicsos no Egito. Os egiptólogos convencionalmente traduzem Aamu como "asiáticos". O historiador judeu Flávio Josefo, em seu Contra Apionem, afirma que Manetho foi o primeiro a utilizar o termo grego, Hicsos, traduzido equivocadamente como "pastores-reis". Os egípcios que testemunharam a invasão dos hicsos os chamavam "hikau khausut', ou "governantes de países estrangeiros", termo que, inicialmente, apenas referiu-se à casta dominante dos invasores, mas que quase certamente serviam para designar dinastias estrangeiras ao invés de uma nação inteira.

Especula-se que eram hurritas ou mesmo hititas, porém, muitas características desse povo permanecem ignoradas. Outra provável hipótese sobre os hicsos é que, eles entraram pacificamente em território egípcio como imigrantes, vindos primeiro dos atuais Líbano e Síria, e depois de Chipre e Palestina. Com o tempo, os líderes dessa comunidade teriam se unido a famílias egípcias por meio do casamento, chegando assim, a exercer o poder como elite um bom tempo depois.

Aos hicsos é creditada a introdução do cavalo e carruagem, o arco composto, machados de batalha melhorados e técnicas avançadas de fortificação. A sua capital, Avaris, foi construída sobre as ruínas de uma cidade do Império Médio. Escavações na antiga capital dos hicsos, iniciadas nos anos sessenta, revelaram um templo em estilo cananeu, restos de funerais e cerâmica de estilo palestino, uma boa amostra de suas armas de tecnologia superior, além de uma série de afrescos minóicos que demonstram semelhanças estilísticas aos de Knossos e Thera.

Aparentemente, os hicsos não exerceram muita influência na maior parte do Egito. Está claro que em Avaris se estabeleceu um povo que tinha traços culturais bem diferentes dos egípcios. Encontramos isso nas características básicas da cidade, nas casas, e, particularmente, nos enterros, que eram realizados próximo ao centro urbano, mas seus traços não vão muito além desta cidade.

  1. Bibliografia:

sábado, 6 de maio de 2023

Hoplita

 Hoplita (do grego ὁπλίτης, transl. hoplítes, pelo latim hoplites) era, na Era Clássica da Grécia antiga, um cidadão-soldado de infantaria pesada. Seu nome provém do grande escudo levado para as batalhas: o hóplon. O hoplita era o principal soldado grego da antiguidade. Sua armadura era composta de elmo, couraça (peito de armas), escudo e cnêmides. Carregavam uma longa lança ou pique de 2,5 m geralmente, e uma espada curta para combates de curta distância.

Os exércitos de hoplitas lutavam corpo a corpo em densas colunas, formação da falange, com a ponta das lanças de várias fileiras se projetando para fora da formação golpeando na altura do peito. Apresentavam um formidável bloco de lanças sustentado acima dos ombros. Na batalha, eles avançavam sobre o inimigo como se fossem uma parede de escudos, golpeando com suas lanças sobre os escudos. Os homens posicionados na parte de trás empurravam os que estavam na frente e golpeavam sobre eles. Essas aterrorizantes batalhas corpo a corpo normalmente eram curtas, mas fatais. Lutar em curta distância nessa formação requeria treinamento e disciplina que se tornaram um estilo de vida.

Antes da ascensão dos hoplitas, a maioria das batalhas envolvendo exércitos consistia em arco e flecha e posicionamento. Os gregos tornaram a guerra pessoal e intensa e os hoplitas, então os melhores soldados de infantaria do mundo, dominaram os campos de batalha antigos durante séculos até serem suplantados pelos mais flexíveis e funcionais legionários romanos.A Revolução Hoplítica caracteriza-se por ser um período de intensas transformações na estrutura militar da pólis ateniense por volta de 700 a.C. Ocorre quando os membros da infantaria hoplita — vindo daí o nome de "Revolução Hoplítica" — passam a ter mais eficiência do que a minoria aristocrata que monopolizava o Exército ateniense.

A estrutura militar de Atenas

Assim como ocorria nas outras estruturas que compunham a pólis ateniense, a estrutura militar no contexto que precede a Revolução Hoplítica é monopolizada pela aristocracia. Foram instituídas leis dentro do Exército que iam de acordo com os interesses dos aristocratas, dentre as quais podem ser destacadas duas:

  • Os armamentos eram adquiridos de acordo com o poder aquisitivo de cada membro do Exército;
  • butim, espólio de guerra, era divido de acordo com a eficiência de cada um nos campos de batalha.

Sendo assim, os aristocratas, grupo minoritário, possuíam os melhores armamentos e dispunham de privilégios – como o uso de cavalos –, o que lhes garantia maior eficiência nos campos de batalha e maior parte do butim. Os outros grupos sociais, que compunham a maioria, possuíam os piores armamentos e, por conseguinte, menor eficiência nos campos de batalha, o que lhes garantia a menor parte do butim. Vale a pena salientar que a aristocracia detinha os cargos de comando e que ambos os grupos eram indispensáveis à vitória do Exército.

Contexto

pólis ateniense passava por um período de intensa tensão social. Na economia valorizava-se como novo tipo de riqueza os chamados bens móveis (gado, sementes, etc.), e a terra, principal instrumento de riqueza da aristocracia, desvalorizava. A valorização dos bens móveis acabou por fazer com que houvesse uma maior facilidade de enriquecimento, circulação de riquezas, desenvolvimento da actividade mercantil e surgimento de uma nova camada social: os comerciantes, indivíduos dos demais grupos sociais que começaram a enriquecer a partir da actividade mercantilista. Com isto, muitos aristocratas perderam poder económico, indo à falência ou trocando as suas terras por bens móveis.


quinta-feira, 4 de maio de 2023

 Chama-se de Império Huno a confederação de tribos da Eurásia liderada pelos hunos, que despontou na Europa em fim do século IV, e que atingiu seu apogeu ao conquistar diversos territórios da Europa Ocidental em meados do século seguinte.

Após cruzarem o território do Volga, derrotaram os alanos, ocupando assim as planícies entre aquele rio e o Don, rapidamente conquistando o império dos ostrogodos e alcançando o Dniestre. Por volta de 376 derrotaram os visigodos que habitavam o território da atual Romênia, chegando às margens do Danúbio, na fronteira com o Império Romano. Sua migração em massa para terras europeias, liderada por Átila, trouxe consigo grandes distúrbios políticos.

Origem

A origem dos hunos que assentaram-se na Europa no século IV é ainda incerta. Contudo os principais historiadores os consideram como um grupo de tribos nômades de Ásia Central com origens mistas. Os hunos foram provavelmente, etnicamente diferentes, devido a um processo de etnogênese de assimilação cultural. Parece que a língua gótica foi a língua franca.

Primeiras campanhas

Os antigos registros sugerem que os hunos estiveram assentados nas terras do noroeste do mar Cáspio no começo do século IV. Perto do fim deste século, por volta do ano 370, os hunos do Cáspio mobilizaram-se destruindo a tribo dos alanos localizada ao oeste. Continuaram a oeste, atacando os ostrogodos. No 395 um exército huno cruzou as montanhas do Cáucaso e arrasou a Armênia, lá capturou Erzurum e sitiou Antioquia (atual Antáquia na Turquia) e Edessa chegando a Tiro, no atual Líbano.

Os hunos lutando contra os alanos, por Johann Nepomuk Geiger, 1870.

No ano 408, o huno Uldino atacou a província romana de Mésia mas o seu ataque foi esperado e repelido, forçando-o a retirar-se.

Consolidação

Apesar de todas as suas primeiras realizações, os hunos ainda estavam muito separados politicamente entre eles com para executar uma campanha importante. Mais que um império, foi uma confederação de tribos.

Desde o ano 420, um chefe chamado Oktar começou a juntar a todas as desligadas tribos sob sua bandeira. Ele foi sucedido por seu irmão Rugila, que converteu-se em líder da confederação huna, juntando os hunos em um grupo unido com um objetivo comum.